A Terapia ABA deixa a criança robotizada!?
- Luiza Guimarães
- 25 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de ago.

Algumas pessoas me questionam acerca da rigidez das respostas de indivíduos do espectro. Algumas chegam a sugerir que a Terapia ABA deixa a criança robotizada. Essa ideia de “robotização”, no entanto, é apenas o reflexo de uma dificuldade em generalizar o que é aprendido, característica comum em quadros de autismo com dificuldade de aprendizagem mais severas. Algumas crianças possuem maior capacidade de generalizar o que foi aprendido, ou seja, utilizar as novas habilidades e aprendizados em novos ambientes, com diferentes pessoas, respostas e estímulos. Outras só apresentam a resposta no contexto ensinado, e para tarefas treinadas.
De modo geral, é esperado que a criança consiga generalizar o que aprendeu em contexto de terapia para seu dia a dia. Por exemplo, quando você ensina imitação como mandar beijo, dar tchau e bater palma, depois de um tempo é esperado que a criança desenvolva a imitação generalizada, ou seja, após o ensino direto de 10 ações (por exemplo), a criança busque imitar qualquer movimento apresentado. Além dos movimentos não treinados, é possível também observar ao aumento de imitações sonoras, o que é fundamental para desenvolvimento da fala vocal.
A generalização também precisa ocorrer em relação a pessoas, ambientes e estímulos. A criança deve responder à demanda dos pais, professores, avôs, e não apenas do terapeuta. O aprendizado treinado em contexto estruturado deve ser ampliado também em outros ambientes e situações como escola, shopping, mercado, sala, cozinha, pátio etc. O ensino da nomeação de fotos de pessoas felizes, por exemplo, deve ser ampliado para apresentação da mesma nomeação para resposta de “felicidade”(sorriso) de pessoas reais, em filmes, novas fotos etc.
A ideia de que a criança vai ficar robotizada com a Terapia ABA apenas mais um mito em relação a essa abordagem. Características da criança e como ela vai aprender a generalizar o que foi aprendido fará toda a diferença na forma como ela vai se expressar no mundo. É desejável que em toda intervenção em ABA, o treino da generalização esteja incorporado nos programas de ensino, o que vai ajudar na apresentação de respostas mais “naturais”, e menos decoradas.